Textos sobre a relação do casal

Os desafios no pós-parto

Texto publicado a 02/07/2020


Não há dúvida que o pós-parto é um período exigente para o casal, em que são necessárias adaptações e aprendizagens. Várias questões surgem, como por exemplo:
→ Nos 1s meses, cuidar do bebé é a prioridade, em detrimento de tudo o resto. A mãe tem o seu espaço mental ocupado pelas inúmeras tarefas práticas, físicas e psicológicas necessárias à adaptação do bebé e, por isso, tem pouco espaço para pensar noutros assuntos, direcionar o seu amor para outro ser ou focar-se noutras tarefas. Isto pode fazer com que o pai se sinta colocado de parte e a mulher pode sentir-se incompreendida por não ser capaz de dar esse espaço ao companheiro.
→ O bebé está sempre presente e pode ser complicado deixá-lo com outra pessoa. Não é questão de não se confiar, mas sim a dificuldade de nos afastarmos, de delegarmos as tarefas e de deixarmos outros assuntos ocuparem a nossa mente. E nem vamos falar na covid19 que nos “tirou” o pouco apoio que tínhamos, ok?
→ O bebé comanda as rotinas, os horários, as tarefas. Há pouco tempo para tudo e sentimos que as nossas mãos não chegam para tanta coisa. Durante a licença do pai, as tarefas vão sendo +/- divididas porque os dois estão focados no papel de pais. Mas quando o pai regressa ao trabalho começam a “faltar” mãos e colos para tantas coisas para fazer. Queremos ajuda, mas também queremos “dar conta do recado” sozinhas. O pai, que começa a “virar-se para o mundo exterior” mais depressa, pode ter dificuldade em entender a falta que o seu colo faz.
→ O tempo a 2 é substituído por noites mal dormidas, interrompidas por mamadas, biberões, cólicas, fraldas e outras coisas muito pouco românticas. Surge a privação de sono e o cansaço domina. Há pouco espaço para namoros quando se está “morto” de cansaço!
→ O cansaço faz-nos ficar rabugentos, mal dispostos, sem paciência… É natural que surjam ideias diferentes sobre como resolver os problemas, organizar as coisas ou até educar os filhos. O stress dos cuidados ao bebé não ajuda e as discussões acabam por acontecer.

É importante sabermos que é uma fase e, em princípio, tudo melhora com o tempo. Até lá, muito DIÁLOGO, COMPREENSÃO e uma boa dose de PACIÊNCIA!

Sexualidade

Texto publicado a 04/07/2020:


Se para alguns casais o retomar da sexualidade após o parto é algo que acontece naturalmente, para outros é uma questão que traz preocupações e dificuldades.
Uma das principais questões que condiciona a intimidade é o cansaço. São poucos os momentos a 2 e esses momentos acabam por ser utilizados para suprimir uma necessidade mais importante: descansar.
Além disso, muitas vezes não existe apenas falta de energia, existe também falta de líbido, especialmente da parte da mulher. Essa falta de líbido, impulsionada pelas mudanças físicas e emocionais do pós-parto, existe por uma razão muito válida de preservação da nossa espécie. Ao deixar um bebé para se envolver com um parceiro, a fêmea não está a proteger a cria das ameaças e, além disso, está a “arriscar-se” a engravidar de novo, fazendo com que a médio prazo possa não conseguir garantir os recursos necessários para a sobrevivência da cria, em prol da sobrevivência da cria mais nova. Talvez hoje em dia este instinto já não faça tanto sentido como quando vivíamos nas cavernas, mas a mulher precisa de continuar a proteger a sua cria, acima de tudo.
Da mesma forma, a mulher no pós-parto geralmente sente o seu corpo como um corpo-casa, que acolhe, alimenta, sustém dores e que ama e protege sem pausas. Assim, é compreensível que não consiga sentir o seu corpo como um corpo sexualizado, disponível para o prazer e toque sexual. A essa questão pode juntar-se o medo de que, após um parto sofrido e dorido, a relação sexual seja dolorosa e traga à memória momentos difíceis que, infelizmente, várias mulher ainda passam ao parir os seus filhos. E, em alguns casos, não é só o medo da dor, porque a dor existe mesmo.
Por estas razões e outras, o tempo que a mulher precisa pode ser diferente do tempo que o homem precisa e ambos podem ter dificuldade em entender o que o outro está a sentir. Alguns homens não compreendem estas questões e ficam magoados pela falta de interesse sexual da mulher. A mulher pode sentir-se pressionada ou culpada pela falta de desejo.
É fundamental que haja um diálogo aberto e que se procure ter empatia pelo que o outro está a sentir! É apenas uma fase. E peçam ajuda profissional, se for precis